E-Mail Marketing ainda tem potencial, mas sofre com o excesso de SPAMs
Por Guilherme Neto, do Mundo do Marketing
pauta@mundodomarketing.com.br
Apesar do E-Mail Marketing já ser uma realidade no mercado, a ferramenta ainda traz dúvidas a diversos profissionais de Marketing. Ao mesmo tempo em que muitas empresas querem ser eficientes, não querem ter seus e-mails confundidos como SPAM. É compreensível, uma vez que o alto número de mensagens aliado à excessiva exposição de conteúdos por diversos meios nos dias de hoje vem fazendo o consumidor evitar o uso de e-mail nos últimos tempos – onde o índice de 30% na taxa de abertura já representa um ótimo resultado.
Apesar disso, é fato que o E-Mail Marketing ainda tem potencial, e não à toa este mercado movimentou US$ 1,2 bilhão em 2007, segundo a Direct Marketing Association, com um crescimento de 50% em relação à 2006. Em 2013, estima-se que os Estados Unidos enviarão cerca de 838 bilhões de E-Mail Marketing, quase o dobro do enviado atualmente, segundo uma pesquisa da Forrester Research. Esse é o mesmo volume de SPAM que apenas um grupo, desbaratado recentemente pela Comissão Federal do Comércio dos Estados Unidos, enviava em menos de três meses – 84 dias.
Diferenciar-se dos SPAM e chamar a atenção do consumidor entre tantas mensagens é o que mais preocupa Edson Barbieri, sócio-diretor da Frontier, empresa brasileira do mercado de serviços de Internet. Para isso, a companhia procura oferecer opções de opt-in e opt-out eficientes, construir ações segmentadas com conteúdos relevantes e bem desenvolvidas. Outros cuidados são o rígido controle da base de dados, sem compartilhá-las indiscriminadamente com terceiros, freqüência regular de envio de e-mails, e um alto índice de personalização de mensagens.
Cuidados para não serem confundidos com SPAM pelo consumidor
Em caso de programas de correio eletrônico como o Gmail, em que os usuários podem denunciar os spams recebidos, o alto número de reclamações pode gerar um bloqueio total das mensagens de uma empresa, mesmo para aqueles consumidores que as desejam receber. “É por isso que os cuidados são tão necessários. Mesmo quando não há má vontade da empresa ao descumprir um desses requisitos, um alto número de consumidores pode considerar os e-mails recebidos como SPAM e bloqueá-los para si e outros”, diz, durante palestra realizada no Encontro Datalistas, promovido no Rio de Janeiro pela empresa de Database Marketing homônima, pertencente ao Grupo Abril e cliente da Frontier.
Reforçando esse cenário, a Frontier trabalha com dados que ilustram o perigo do SPAM: 56% dos internautas consideram SPAM mensagens que não geram interesse, mesmo que originadas de remetentes conhecidos; 50% consideram SPAM mensagens enviadas com freqüência excessiva, mesmo que de remetentes conhecidos; e 41% dos reports de SPAM pelos destinatários têm relação com relevância e não com Opt-In.
A atualização constante da base de dados é outro ponto citado, já que 35% dos internautas costumam trocar de e-mail a cada 12 meses. Por isso, Barbieri aponta para a necessidade de excluir os e-mails inativos (os chamados “hard bounces”) e estimular os usuários a atualizar os seus dados. Essa é uma estratégia seguida pela própria Datalistas, que dá prêmios em concurso ao que responderem um questionário disponibilizado na internet a cada seis meses.
Clareza é fundamental
Para evitar serem mal compreendidos pelos consumidores, Barbieri argumenta que a melhor maneira é ser sincero na hora do opt-in. “Dê opção ao destinatário para escolher o que quer receber, com que freqüência e de ver exemplos de mensagens que receberá”, conta o executivo.
Em campos do e-mail como “Remetente”” e “Assunto”, devem ser utilizados poucas palavras. O primeiro deve revelar nitidamente o nome da empresa, produto oferecido, ou representante com quem o cliente possui um relacionamento. Já o outro deve ser curto – 60 caracteres ao máximo, segundo ele -, apostando em frases que ofereçam alguma coisa ou estimulem curiosidade. “69% das pessoas decidem abrir um e-mail com base no Subject”, conta Barbieri.
Para despertar o interesse do consumidor, Barbieri salienta que é preciso que o e-mail seja bastante claro quanto ao seu propósito. Por isso, imagens e textos devem ser facilmente compreendidos e convencer o leitor a continuar lendo a mensagem, sempre evitando que o e-mail fique muito “pesado” e ultrapasse os 50kb – as imagens devem estar hospedadas em servidores de internet, nunca sendo enviadas junto com o e-mail.
Estudos de resultados e com o consumidor para melhorar a ferramenta
Outra dica de Barbieri é evitar o uso excessivo de imagens, principalmente no alto da mensagem, já que muitos gerenciadores de e-mail impedem a sua visualização. Além disso, o uso de layouts muito verticais ou horizontais pode dificultar a leitura ao tornar indispensável o uso da barra de rolamento.
Para chegar a estas conclusões e às opções mais eficientes de se montar um e-mail Marketing, a Frontier realiza regularmente teste de resultados e o estudo de comportamento do consumidor. Entre os dados com os quais trabalha, está o de que a maioria dos usuários utiliza como cliente de e-mails os softwares Outlook (55%) e Lotus Note (20%) e como domínios o Hotmail (26,75%), Yahoo (15,43%) e IG (9,75%).
O perigo da extinção dos e-mails
Apesar de tantos cuidados, alertas mais pessimistas decretam que já é tarde demais, prevendo a extinção dos e-mails em poucos anos, como conseqüência do abusivo número de SPAMs na Internet. Barbieri, por sua vez, acredita que o E-Mail Marketing ainda tem potencial para crescer nos próximos anos, mas crê que o E-Mail não se extinguirá, por mais que sofra uma queda na década seguinte.
Vicente Argentino, Diretor de Marketing & Vendas da DataListas, concorda. “Acredito que as novas gerações inventarão uma nova forma de utilizá-lo. A própria mala direta pelo correio ainda é utilizada nos dias de hoje, como melhor forma de comunicar uma mensagem mais complexa”, explica, em entrevista ao Mundo do Marketing. Enquanto esse dia não chega, o Grupo Abril já estuda ações em redes sociais e programas de mensagens instantâneas, além do Mobile Marketing, como uma forma de se atualizar aos novos tempos.